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"Most People Have Been Trained to Be Bored": Na falta de dados que o confirmem, pode-se dizer que a afirmação que dá nome ao projecto de Gustavo Costa é uma generalização. Não consta que haja números que apoiem a tese, não é provável que este disco seja uma pesquisa, pelo que não podemos aceitar a frase como facto. Mas é normal lançarem-se desabafos assim, umas vezes por facilidade, outras porque alguns indícios da sociedade parecem dominantes. Porém, e no que à música diz respeito, às vezes parece mesmo que o mundo prefere aborrecer-se de morte. As fórmulas repetem-se, as avalanches de temas sucedem-se e pouco fica para o dia seguinte – por falta de qualidade na fonte e/ou mau uso de quem ouve. Mas isso é a generalização a impor-se. Porque até o mais pessimista dos cépticos sabe reconhecer a excepção. Gustavo Costa, por exemplo, não se deve ter aborrecido a fazer este álbum e não nos chateia com mais uma redundância estilística. Primeiro, porque este é daqueles discos que começam sem se saber como acabam, o que é válido para músico e ouvinte; depois, porque há aqui uma procura que começa no som, atravessa as sensações e se instala no covil da personalidade. Um disco assim traça um círculo em torno de quem o fez e recebe quem o ouve com um espelho granular. É esse jogo de correspondências que nos leva a percorrer os seus ruídos, silêncios e instrumentos entrecortados. A outra face das generalizações vai surgir na altura de catalogar estes temas. Música electrónica? Experimental? Improvisada? Ambiental? Noise? Electro-acústica? Algum destes carimbos há-de lhe ser colado. Mas mesmo sendo um pouco de tudo isso, é, acima de tudo, um álbum do seu autor – um cidadão que se recusa a ficar num casulo de tédio a carcomer as próprias asas. Continuando a generalizar, podemos dizer que a maior parte das pessoas não vai ouvir o disco. Não terão uma opinião sobre este (positiva ou negativa, tanto faz), se calhar porque estão habituadas a treinar o enfado e a recear a novidade. Mas como não temos estatísticas que apoiem esta previsão, podemos estar muito enganados. Riscos da generalização, portanto... Texto de Sérgio Gomes da Costa Gustavo Costa nasceu no Porto em 1976. Estudou percussão com Miguel Bernat, Produção e Tecnologias da Música na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo do Porto e Sonologia com Paul Berg, Konrad Boehmer e Clarence Barlow no Instituto de Sonologia em Haia, Holanda. Desde 1989 que participa e colabora com diversas formações e músicos ligados ao rock underground e à música experimental como Genocide, Stealing Orchestra, Três Tristes Tigres, Drumming, Gregg Moore, Ethos Trio, Damo Suzuki ou John Zorn. |
Most People Have Been Trained To Be Bored
Discografia
MP3
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